[Viajante sem pauta #011]Feridas abertas do diário
Após a última newsletter, que trouxe um tom mais literário ao compartilhar o processo criativo do meu livro, hoje escrevo para falar sobre a essência dessa newsletter: manter nossa comunidade informada, mas claro, também alguns dos meus devaneios e reflexões, pois por mais contraditório que possa soar. É na escrita onde sinto o espaço para projetar tudo aquilo que sinto. Então nessa news vocês vão encontrar as últimas atualizações, eventos, e algum de meus pensamentos.
Antes de mais nada, gostaria de agradecer a todos os assinantes que puderam participar da gravação do episódio 100! Espero que tenham gostado do resultado tanto quanto eu.
Feridas abertas do meu diário:
Este é um recorte abstrato dos meus pensamentos que decidi compartilhar em um dos meus diários. Talvez eu use este espaço não apenas como um mural de recados ou para falar sobre o processo do livro que estou escrevendo, mas também para incluir algo com uma dose mais pessoal.
Não é raro ouvir de outros criadores de conteúdo que o processo é, muitas vezes, solitário. Pelo menos, é o que percebo nas conversas que tenho. E, às vezes, me pego rindo da ironia disso, quase como uma piada trágica: o podcast, uma mídia conhecida por gerar tanta intimidade com a audiência, proporcionando um senso de acolhimento, com alguém tão próximo ao seu ouvido, te fazendo sentir tão íntimo... Mas, do lado de cá, a solidão é mais constante do que eu gostaria.
Eu, Cainã Ito, gosto de me ajeitar na poltrona ao som de uma trilha sonora específica que me acompanha nesses momentos onde reflito sobre como minha personalidade, meu trabalho e todos os meus esforços atuais derivam de peças fundamentais da minha infância, muitas vezes ligadas à dor. Claro, todos temos nossos dilemas e cicatrizes, mas quero explorar como essas experiências pessoais se conectam aos dias de hoje.
Na infância, estive muito distante de ter amigos. Sempre fui excluído ou isolado por terceiros, alvo de bullying assim digamos, e isso marcou profundamente minha adolescência. Perdi a conta de quantas vezes fui ao psicólogo, buscando desabafar ou encontrar o acolhimento que tanto desejava, quase como se estivesse pedindo aceitação por quem eu sou. Era como se, por dentro, eu gritasse por acolhimento, algo que só veio muito tardiamente. Esse sentimento só vingou ou pelo menos foi quando pude senti-la, durante minha viagem pelo continente africano. Entre as várias razões pelas quais essa viagem me marcou tanto, poderia elucidar o surgimento do podcast em si como prospecção de uma carreira, a visão de mundo, os aprendizados, mas nada se equipara a sensação de finalmente me sentir querido e poder percebe-la. Quando digo que o Egito me marcou profundamente, a razão deste foi eu me perceber que eu era uma pessoal legal no fim das contas. Foram necessários quatro anos pra que ao final da jornada, eu me senti-se querido comigo mesmo.
Não sei como essas escritas irão ressoar para você leitor. Mas por de trás desse relato, muita dor e insegurança percorreu minha vida de quem nunca se achou digno para ser amigo de alguém.
Obrigado a todos que fizeram eu acreditar em mim mesmo.
📝 O que vem por ai
Agora trazendo a parte mais prática da coisa no que diz respeito ao podcast, quais programas e pautas estão por vir.
Lidando com a audiência e comentários: esse será o próximo a ser publicado. Gravamos com o Fred do canal Vou sem volta, a Cris do raizes do mundo e o Alê do Getoutside. A ideia do episódio é voltada principalmente para criadores de conteúdo e aqueles que atuam nesse meio. Pois as interações nos afetam em menor e alto grau, como reagimos a elas e o que podemos extrair de tudo isso.
Turismo em favela: como o próprio nome sugere, esse episódio aborda temas controversos no mundo das viagens. Quando decidi gravar um programa sobre isso, já sabia que a pauta em si geraria opiniões e sentimentos diversos. Somos um podcast de viagens, e isso inclui explorar todos os setores, então trazer essa questão à tona é mais que uma responsabilidade. Tenho estudado bastante o tema junto com a Amanda Areias, que super aceitou fazer parte da bancada. Vamos gravar com dois guias locais da favela. O objetivo do programa não é chegar a conclusões definitivas, até porque se trata de um tópico que exige conhecimento aprofundado e possui inúmeras camadas. Nosso foco é trazer nossas dúvidas e percepções sob a ótica de um viajante, e ouvir o que os guias têm a compartilhar. Será um programa de escuta, feito para provocar reflexão. Vamos gravar no dia 12!
América central: recentemente, fiz uma enquete na comunidade para saber qual país da América Central eles gostariam que abordássemos. Com uma vitória considerável, a Guatemala foi a escolhida. No entanto, refleti sobre o quanto sabemos pouco sobre essa região do globo. Por isso, decidi que, em vez de gravar sobre o páis, faremos um episódio dedicado à América Central como um todo, assim como fizemos com o episódio sobre a Ásia Central. O objetivo é ter uma noção básica dessa parte das Américas—abrangendo aspectos políticos, geográficos, fronteiras, custos—e, a partir daí, seguir com uma gravação focada em um país específico.
Vistos africanos: dia 7 agora sábado, iremos gravar sobre o universo dos vistos no continente. No podcast já tivemos programas dedicados sobre sobre estereótipos africanos, fronteiras, comidas e transporte. Não faltam conversas para te orientar o máximo possível. Esse programa não seria diferente. Objetivo é trazer histórias, vivências e orientações pra quem pretende se aventurar pelo continente. A bancada será com o Rafa do Isso o mundo não mostra e a Nataly, do viaje sem limites.
📚Roda do livro
Informe breve aqui. A próxima edição da roda já têm o livro escolhido. Será o da Tamara Klink. Então se pretende ingressar pra essa leitura, só entrar no grupo do whatsapp.
E se não conhece nosso clube do livro, só clicar aqui!
🌎 Mural dos encontros da comunidade
Nesse mês, o encontro de membros da comunidade foi em cada parte do globo.
1 - Gabriel, Bruna e Gioconda no Quirguistão em algum museu, dada a arquitetura do espaço.
2 - Carol e Camila bebendo um etílico no Maranhão
3- Os casais Edra e Gabriel e Lari e Lico na país da Geórgia dando um show de referência com casais viajantes =D
4 - mini encontro em São Paulo! Com Ester, Mateus, Savietto, Jonnhy e Filipi.
E toda essa comunidade, trocas, amizades e o grupo mais legal dessa internet, estão no grupo secreto! Quer fazer parte? Por apenas 15 reais é só assinar aqui.
Valeu pessoal!
"... eu me senti querido comigo mesmo." Achei lindo como essa viagem te trouxe esse sentimento, Caini 💛 no fundo, esse é o mais importante. Que você não se esqueça de que é querido, por você e por outros.